SARDINHAS & CARACÓIS
As minhas melhores e primeiras memórias de menino são:
As sardinhas trazia-as o meu avô, directamente de lota; ensinou-me a salgá-las e a grelhá-las no quintal nas traseiras da casa, num fogareiro de lata que ele mesmo construira, à sombra de uma figueira que tão belos e doces figos nos deu. Os caracóis levou-me com ele, ensinando-me a apanhá-los das piteiras e das figueiras, deixando ficar os mais pequeninos: esses ficam para outra vez, dizia-me, para que cresçam e façam com que outros caracóis nasçam. Continuo a gostar das sardinhas, comidas à mão sobre uma grossa fatia de pão e que no fim vai à grelha para tostar e mais um prazer ao paladar oferecer, e dos caracóis; e sempre que umas ou outros à minha mesa acontecem lembro-me do meu avô a meu lado. Eu sei que não está. Mas é como se estivesse.