O CORPO HUMANO
Não se assustem; não venho dissertar sobre o corpo dos humanos (deus me livre) nem sobre o corpo do mano (que nem tenho), mas sobre o corpo humano que me calhou em sorte lá para a década de 40 do século passado. Não sendo propriamente uma antiguidade ainda assim já por aqui à volta vai sendo necessário um periódico espanejar para retirar as teias de aranha que vão aparecendo; e por mais rebocos que se apliquem nas fissuras, nada obsta ao seu ressurgimento. Se nas canalizações ainda não se detetam fissuras já nas juntas se notam (se sentem, melhor dizendo) o desgaste do tempo em que foram usadas profusamente sem a obrigatória e devida manutenção. Mas o pior é o motor que faz mover as engrenagens e quando elas começam a falhar, começam a trabalhar em falso, fora de ritmo e criando “calos” deformando os componentes. É verdade que há sempre uma oficina onde é possível rectificar a peça ou até substitui-la por uma nova (o que já me aconteceu + do que 1 x) porém fica sempre a sensação (nostálgica) de perda duma peça de origem. Na impossibilidade de voltar à linha de montagem na fábrica onde tudo começou resta ir atamancando as coisas na expectativa de prolongamento para lá do tempo regulamentar. E foi isso mesmo que aconteceu: uma ablação cardíaca para verem o que é que está a falhar no motor, se são os vedantes, se são as válvulas, ou se simplesmente vai ser necessário um motor novo, acreditando que a minha manutenção tem alguma utilidade prática. Nestes últimos 3 meses tenho andado de oficina em oficina (cada uma tem a sua especialidade), e embora sabendo que todas querem o meu bem, já estou cansado disto. (a galinha já nem me pode ouvir nem aturar, coitada). Vou fazer o possível para me manter acordado -embora sonhando- e continuar a dizer coisas. Aqui a imagem mostrando por onde andaram mexendo. (talvez, porque eu estive sempre desacordado).