BRANCO ou TINTO?
Numa rua escura
duma noite sem lua
um gemido ecoa
dum recanto sem alma
onde gentes murmuram,
muitos passos ressoam,
o álcool flutua
e a noite se acalma.
Nos buracos imaginários
que um bêbedo sempre vê,
cai um, tropeça outro
porque viu nem sabe o quê.
Era tinto?, era branco?
Não sei, mas bebi-o até ao fim
com prazer e com vontade;
fosse branco ou fosse tinto
não era nada ruim
e a cor não é qualidade.
E já que estamos
neste diálogo de adega
vamos ali beber um copo
que o vinho, branco ou tinto
a um bêbado não se nega!