FEIRA DA LADRA
Já lá não ia há bastante tempo. Num destes sábados decidi-me e fui visitá-la uma vez mais. Não por ser um comprador (nem tão pouco vendedor), mas porque gosto de ver aquele ambiente onde tudo se vende e tudo se compra, desde livros avulsos e em colecções variadas, de quinquilharias diversas a velhos instrumentos musicais, de discos de vinil mil vezes tocados a conjuntos de loiça “desirmanados”.
Tudo à venda mas poucas são as compras.
Vi daqueles curiosos que perguntam timidamente os preços após o que seguem caminho sorrateiramente como que envergonhados por nada comprarem; vi os “conhecedores da coisa” que acham sempre o preço exagerado dada a “qualidade” do objecto; os habituais que todos os sábado lá estão procurando novidades ou alguma peça que ainda lhes falte naquela colecção que há anos vêm fazendo; também os viciados que por lá passam às terças e sábados e que nunca compram nada; e eu e outros como eu que só lá vão passear. Também vi uma velha vendendo rendas de linha para ajudar a pagar a renda da casa e vi um velho a vender uns cobres numa tentativa de arranjar umas massas.
Desta vez comprei um livro do Boris Vian que “perseguia” há tempos.