CONTOS DE NATAL (II)
O Presépio (parte 2)
A noite até nem estava muito fria e lá ao fundo do palheiro o ambiente até nem era mau; perto da entrada sempre corria uma aragem mas como as vestes da senhora e do carpinteiro os protegiam, não deixavam que os corpos arrefecessem.
Mas lá atrás não. Dir-se-ia até estar com uma temperatura agradável onde numa semi-obscuridade o burro e a vaca se mantinham num silêncio cúmplice para não perturbarem o acontecimento.
Alheado a tudo isto estava o menino que chorava a bom chorar pois não bastando ter os pés gelados nunca mais via chegada a hora da mamada. Ainda por cima (aliás, por baixo) deixou-se mijar e na falta de um pouco de laurodeme, sentia as nalgas “assadas”.
E dizia a vaca:
-Coitada da criança, até tenho vontade de lhe ir dar um pouco de conforto, leite e calor.
E dizia o burro:
-Não te metas nisso c’a gente só fomos contratados como figurantes.