...nas urgências do Hospital São Francisco Xavier. (pergunto-me assiduamente o porquê dos hospitais em Portugal (um país laico), ostentarem tantos nomes de santos. Mas adiante que não foi para isto que cá vim hoje. Foi + precisamente porque hoje 30 de Dezembro deste infeliz ano de 2024, que "usufrui" de dez horas e meia nas instalações desta unidade pública de doentes (apesar da insistência em designá-las de saúde), na companhia sempre amorosa da minha querida gaLina que foi acometida de uma variada pleiade de maleitas, as quais a indisposeram de tal ordem que não houve outra alternativa senão a de "urgentá-la" no mencionado HSFX. Simples? Nada disso que a coisa agora fia mais fino; inicialmente fomos ao centro posto médico/centro de saúde/centro de doentes que não aceitaram porque agora é tudo na base do 24 24 24. Sem outra opçõn ligámos e por tentativas (continuo um "nabo" nas tecnologias), fomos encaminhados para o tal hospital. Chegámos 08:38; inscrevu-se 08:40, triajou-se 08:47, chamada para primeira presença médica 13:12. 4,5 horas ocupadas a visitar diversas cadeiras da sala de espera, ouvindo e esporadicamente participando nas conversas alheias sobre reclamações por tanto tempo de espera em que não chamam ninguém, e a acalmar a gaLina (que queria desistir e voltar ao galinheiro): "tem calma que estão quase a chamar-te" (??). Depois vieram as análises que obrigaram a um delay (onde isto já vai), de 3horas, mais uma sessão de soro+medicação de 2horas (quase coincidentes resultando no final em +ou- 4horas. Estávamos quase no final? Não, faltava uma ecografia que se apresentou em pouco menos de meia hora. Atendendo a que entre cada etapa houve sempre um tempo de espera, tudo junto resultou nas tais 10:30H de estadia. NOTE-SE não estou aqui em reclamação contra ao SNS, antes pelo contrário: sou / somos clientes habituais (não voluntariamente né? que ninguém gosta de estar doente) todavia pretendo sublinhar que estes tempos de espera são uma verdadeira violência para todos, e são muitos, que necessitando de "lá ir"; velhos que têm dificuldade em ali estar, não têm mobilidade nem quem os assista nessa dificuldade, e +, e +, e +... Chegámos a casa, 19:30, cansados e também de estarmos cansados, e com a gaLina recuperada, é verdade, mas considerando que por via das maleitas ela esteve todas aquelas horas sem comer, só água, chegou completa e absolutamente derreada. Final do dia e da história deste dia inesquecível que não deixa saudades. ...
Saí de casa quando a noite já ia longa, praticamente em véspera de madrugada. A lua estava longe, minúscula, quase não se via no céu escuro completamente desnublado. Enquanto caminhava vagarosamente pensava que deveria ter vestido mais qualquer roupinha pois "o tempo" estava frescote, aquela aragem ainda mais acentuava a fescura, e ia remoendo da inconveniente insómnia que me trouxera para aquela noite escura e fria de Dezembro. As luzes de Natal apagadas acentuavam as sombras no escuro das ruas cobertas da humidade nocturna que, apesar de tudo, refletia a mortiça luz dos raros candeeiros ainda vivos. De súbito dei de caras com um gajo sentado num banco de jardim; era gordo, tinha uma longa e farta barba branca, tinha um barrete na cabeça e a seu lado ruminavam duas renas ensonadas e um enorme saco cheio de coisas. Detalhe: para além da barba, que era branca, tudo o resto era vermelho. Eu, que nunca acreditei no Pai Natal, confesso que fiquei meio desconfiado; afinal estamos em Dezembro o carnaval ainda está longe e isto não sendo época de fantasias... queres ver que "ele há coisas?"... Aproximei-me, não receoso mas curioso e perguntei:
-ora viva, então por cá?
-é o costume, todos os anos é a mesma coisa; mas isto já me custa e é uma trabalheira de andar a entregar as prendas, (às vezes engano-me, esqueço-me das moradas e troco-as o que dá uma chatice do caraças). Além disso as chaminés cada vez são mais difíceis de descer e de subir nem lhe conto.
-não me diga.
-é verdade; e quando regresso a casa lá vem a mulher todo irritada: -mas por onde é que tu andaste que vens todo sujo e chamuscado de fuligem...? Meu caro senhor, estou farto de tudo o que é Natal: das músicas, das luzes e dos pinheiros que, depois de mortos, são decorados com luzes e bolas e demais adereços. Estou farto, caro senhor, estou farto!
-Mas nesse caso porque não desiste?
-Ora porquê, porque esta é a única noite no ano em que posso sair de casa sem que a minha mulher queira saber para onde vou e o que é que eu vou fazer. OH, OH, OH
Todos os anos o NATAL aparece, invariavelmente a 25 de Dezembro, com promessa de visita do PAI que há-de trazer as ofertas para os presentes, ou de prendas para os que estiverem presentes?, vá lá saber-se o que vai na cabeça dum velho que tem quase tanta idade quanto a idade do mundo. Confesso que nunca o vi e também não lhe tenho grance apreço; afinal em todos os natais que já vivi, e foram muitos (quase dizia bastantes mas bastantes nunca são demais né?), jamais se dignou presentear-me com algo que mereça a pena mencionar. De início foram brinquedos de lata, depois umas camisolas baratas compradas nas feiras e nos últimos anos meias e cuecas, repetidas exaustivamente, decerto acreditando que eu fosse um coleccionador deste tipo de artefactos texteis. Por tudo isto decidi acabar com estas visitas. Entaipei a chaminé e substitui-a por um exaustor de fumos. Agora bem pode ele querer entrar,
Hoje o prato do dia é Merry Christmas; sirvam-se à vontade
Isto é quase uma maratona para adquirir (comprar) coisas que não sabemos o que serão para oferecermos na noite de Natal. Há quem guarde tudo para "a última" e há quem vá tendo ideias no decorrer de (quase) todo o ano. Confesso que sou de outro tipo; sou preguiçoso e por isso vou ouvindo as predilecções dos potenciais futuros prendados e lá para fins de Novembro já tenho a missão cumprida. Evidentemente que quando abrem os embrulhos as surpresas não são de extasiar; é mais do tipo: -como é que sabias que eu gostava disto?, Não sabia mas o facto de estar atento, bem calculada a coisa, poupou-me uma meia-maratona. Talvez não seja muito bem este o espírito natalício mas cada um corre as distâncias que pode, né?
BOM NATAL PARA TODOS, com as prendas que merecerem.
Azar para uns, sorte para outros, o 13 é um número completamente alheio às crendices de uns quantos "tótós" que embarcam nas tretas de alguns xico-espertos que sempre encontram quem lhes apare os golpes. Para ajudar à festa vem uma sexta-feira que deixa de ser apreciada como prenúncio de fim-de-semana, para se transformar em dia de azar só por se casar com um dia 13. E como senão bastasse extendem-se os azares a gatos pretos, escadas, espelhos quebrados e mais não sei quantos sintomas de desfavorecimento de sorte. Apesar dos considerando desejo que hoje tenham todos tido muita sorte.