Au 7 Janvier 2015...
... je suis trois fois CHARLIE!
Sabendo que as memórias podem ter diversos tamanhos, é natural que outros assuntos vão ocupando espaços e, por isso, esta coisa se "ser Charlie" se desvaneça com o passar dos tempos; aliás, há muitos exemplos disso nas memórias de todos os que tendo vivido numa determinada época vão mantendo a lembrança mais ou menos nítida dos acontecimentos enquanto os que não os tendo vivido os vão deixando cair até uma quase total indiferença, somente ressuscitado num qualquer evento histórico que (por exemplo) seja activado porque "faz x anos" que aconteceu. Toda esta lenga-lenga para justificar les trois fois Charlie? Também!
3-Foi bonito de ver todos aqueles governantes políticos, de braço dado, na primeira fila da gigantesca manifestação em Paris (de França). Admito que falassem sobre o bárbaro ataque aos jornalistas, mas também não me custa admitir que falassem de evolução da economia, e da Grécia, e das eleições que querem ganhar (aqui um parentesis para um 1º ministro que quer que as eleições se lixem), e do cão lá de casa, etc., etc. Foi de facto "lindo" de vê-los assim juntinhos, mas o mais importante seria que estivessem unidos. É que esta coisa de se juntarem porque a coisa estoirou aqui ao pé da nossa porta parece ser mais preocupante/importante do que quando acontecem barbáries "fora de porta", sejam no Paquistão, no Iemen, ou... Ver de braço dado aqueles que não se têm preocupado para melhorar e/ou resolver as condições de vida de quem os elegeu, as condições de relacionamento dos diversos países sem olharem para o seu próprio umbigo, mas que se mostram para a fotografia porque fica bem solidariezarem-se contra este atentado à liberdade de imprensa, é um cinismo à escala planetária.
2-Li muito do que foi dito/escrito/opinado nestes últimos dias, sobre este assassinato dos jornalistas franceses. Desde quem condene liminarmente o acto até (pasme-se) aos que afirmam: eles (os jornalistas) estavam mesmo a pedi-las!
Se é possível perceber estas últimas afirmações, só o posso fazer acreditando que quem as produz nunca viveu num regime onde a liberdade de imprensa não existe. Um regime onde qualquer um pode ser preso unicamente porque pensa diferentemente. Um regime onde (por exemplo) não seria noticiada esta barbaridade acontecida em Paris (de França). Um regime onde não haveria a possibilidade de ter acesso à internet. Um regime onde não teriam liberdade para dizerem tudo o que dizem a propósito deste massacre. Porque a liberdade de imprensa tem que fazer parte da LIBERDADE, incondicionalmente. E matar pessoas (sejam ou não jornalistas), não é liberdade; é crime!
Disse (creio que foi) Voltaire:
Não concordo com o que V. diz, porém defenderei até à morte o seu direito de o dizer.
Para todos os que não entendam aquela forma de estar, para todos os que acham que quem não é por mim está contra mim, para todos os que querem aniquilar aqueles que os criticam, para os que achem que "eles estavam mesmo a pedi-las" só porque exprimiram as suas opiniões por mais agressivas que possam ter sido, para todos esses que acreditam que a sua liberdade é absoluta e intocável, deveriam ter presente aquela "Voltairisse"!
1-Todos esses velhos do restelo certamente prefeririam que os jornalistas, fotojornalistas, cartoonistas e outros elementos da imprensa escrevessem, fotografassem ou desenhassem sobre caracois, amibas ou culinária (ainda que neste último caso haja que ter cuidado com os cugumelos e não usar a flor do tomate).
E saibam que o esconder, o ignorar ou o camuflar não é definitivamente a solução.
ilustrações copiadas da net; obrg a quem as produziu.