Não sei bem quem inventou o microfone, se foi o Sr. Bell ou o Sr. Emile Berliner. Mas para o caso pouco importa. O que sei é que forneceu aos políticos uma arma. Ou melhor: A ARMA! E é vê-los de micro em punho discursando para audiências (desejosas de os aplaudir), gritando palavras e ideias com sentido mas seguramente não sentidas ou pelo menos sem a real preocupação e convicção de futuro cumprimento.
A política é (talvez) a única profissão onde a mediocridade, a incompetência, a mesquinhês e o compadrio conseguem dividendos, proporcionando uma carreira lucrativa e uma reforma garantida. Garantida e rápida, já que para além de paga em vencimentos acima da média, não está sujeita a despedimentos selvagens nem lay-offs, e não obriga a uma contribuição de 40 anos para atingir a tal reforma a 100%. O único requesito é serem minimamente "habilidosos" para passarem despercebidos não fazendo ondas quando "o mar" está calmo. E quando agitado, gritar alto e a bom som que a culpa é do contra-mestre, do grumete, do mecânico ou até mesmo do faroleiro; nunca do capitão porque este é o tal que garante a "coisa".
As ajudas de custo? As despesas de representação?
Ora ora, isso são valores sem expressão...
Um lugar garantido numa empresa pública (ou mais ou menos pública) com acumulação de rendimentos depois de "sair"?
Ora ora, podiam lá dispensar-se cérebros férteis como esses, onde ideias brilhantes florescem a cada hora, expontaneamente, que nem cogumelos?
Esta maneira de ver pode dizer-se que é redutora; que nem todos os políticos são "desses"; que também os há honestos e interessados verdadeiramente em servir o país e não o inverso.
Mas o que dizer dos exemplos que se têm sucedido:
-de um deputado que rouba uns gravadores porque não gosta do que lhe perguntam;
-de um deputado que afirma não ganhar o suficiente para estar em Lisboa em vez de continuar lá na "santa terrinha"...(em: Òh Senhor Deputado, Outubro 2010)
-de um deputado que afirma ganhar tão pouco que, na rua ao estender a mão para mandar para um taxi, está sujeito a que pensem estar a pedir esmola; o mesmo deputado que justifica a ausência do parlamento para uma votação importante com o argumento de: se tiver um julgamento num tribunal "serei" obrigado a faltar no plenário. Então ele quis ser eleito para quê? Não é a sua primeira obrigação (para não dizer única) estar presente no parlamento?
-de um ministro dos transportes que afirma ser um deserto uma zona do país, unicamente para justificar o injustificável;
-de vários ministros das finanças dos diversos governos que afirmam publicamente terem feito tudo bem, apesar do país estar como está;
-de um 1º ministro (que de "quase" engº passou a engº precário), que governa o país como se fosse um jogo do monopólio (digo eu), afirmando que está tudo bem e logo na jogada seguinte "vende as casas de uma rua" para arranjar capital numa tentativa última de não ficar fora do jogo, do mesmo jogo onde está mais que perdido desde diversas jogadas anteriores;
E não venham com justificações mais ou menos elaboradas, porque quem não quer ser malandro não deve conviver com malandros; mas se quiser aproveitar-se deles então será tão malandro como eles. Ou pior!
É por estas e por outras a estas semelhantes que às vezes o riso não basta. Mas pior seria deixar de rir.
...estive quase, quase para me mascarar. Idealizei uma máscara engraçada mas que transmitisse os meus pensamentos; as minhas ideias e desejos, e até os meus receios mais profundos. E podem acreditar que pensei durante vários dias (e mesmo várias noites) no assunto. Em vão! Não obtive quaisquer resultados que me satisfizessem. Ou melhor, a única imagem que sobrou em todas as tentativas foi a minha "fronha" que desde sempre me tem assustado de cada vez que me olho no espelho! À falta de melhor...
Não sei objectivamente quem são os culpados de situações como estas. Nem isso deve ser importante para quem vê alimentos serem desperdiçados desta maneira. Quando o governo de um país não tem argumentos para evitar protestos desta natureza e simultaneamente permite que os seus cidadãos passem cada dia por mais dificuldades económicas, não está seguramente no melhor caminho!
Também não se compreende que, por mais razões que tenham os que assim protestam, sejam voluntariamente jogados à rua alimentos sendo sabido que há por todo o mundo quem morra à fome.
Com atitudes destas, rir não é seguramente o melhor, porque atitudes destas não se compreendem.