ai, ai, ESTOU TÃÃÃO CANSADO...
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Completaria hoje 80 anos de vida.
Nasceu (dizia ele) numa vivenda abarracada no bairro da Madragoa, em Lisboa!
Segundo palavras do próprio na sua pedra tumular deveria escrever-se o seguinte:
AQUI JAZ RAUL SOLNADO, MAS MUITO CONTRA A SUA VONTADE.
Como foi cremado, talvez os familiares tenham optado por uma pequena placa a juntar ao pote onde estão as respectivas cinzas.
Mesmo percebendo que ele morreu, não deixo de pensar que as rábulas, as partidas e as brincadeiras do RAUL SOLNADO tinham sempre um final imprevisto, ainda considero ouvi-lo a dizer: FAÇAM FAVOR DE SER FELIZES!!
Penso que enquanto nos lembrarmos das pessoas com amor, carinho e saudade sentidas, essas pessoas não morrem. Só desaparece a embalagem que passearam pelo mundo. Porque o que conta, de facto, são as ideias.
Este vídeo (onde por coincidência os 3 intervenientes já “zarparam”) é o que eu elegi para homenagear o Homem e o Actor. Inté!
Entrei na taberna cujas paredes escuras mais acentuavam a pouca luz que entrava pela porta estreita e que as grades de vasilhame vazio mais estreitavam.
Encostei-me ao balcão e pedi ao barrigudo taberneiro uma sandes de torresmos e um copo de vinho tinto que ele se apressou a encher da pipa encostada à parede, atrás do balcão.
Depois de afagar os abundantes pelos que lhe serviam de bigode e que lhe ocultavam a boca, limpou os dedos à rodilha que trazia à cintura, à laia de avental, e munido de uma faca capaz de matar um porco cortou duas fatias de pão onde depositou uma porção de torresmos caseiros, retirados com a mão peluda e gordurosa dum frasco sem tampa, arrumado numa espécie de vitrina porém sem sombra de quaisquer vidros.
Nada daquilo me pereceu bem, e noutras circunstâncias teria reclamado alto e em bom som das inexistentes normas de higiene apresentadas. Mas nas actuais, qual era a alternativa se eu desconfiava que o dinheiro que trazia dentro dos bolsos não seria suficiente para pagar a despesa?
Com a sandes junto do copo (já) meio de vinho, olhei para o taberneiro que à minha frente e com o balcão entre nós, me olhava fixamente como que dizendo: onde está o guito?
Fiz-me desentendido; esbocei uma espécie de sorriso, agarrei na sandes e depois da primeira dentada pisquei-lhe um olho e disse: os torresmos são muito bons…
Encolheu os ombros e depois de limpar o balcão com “o avental” afastou-se para junto de uns quantos outros fregueses, certamente habituais, que jogavam à sueca com umas cartas sebosas marcadas pelo uso de longa data.
O que vou fazer agora?, pensava enquanto mastigava os torresmos; estou metido neste sarilho e sem outra culpa que não seja o ter acreditado na gaja. Porque é tudo muito bonito, muito belo enquanto é só conversa mas depois um gajo mete-se ao barulho vai atrás da “treta” e no final lixa-se!
É verdade que a gaja era boa, falava bem e…, enfim na cama era uma loucura. E um gajo até acredita que vai ser sempre assim e que nada vai correr mal; aliás, nem nos passa pela cabeça questionar seja o que for. É para fazer, faz-se e pronto!
Também o que é que custa entrar numa loja, apontar uma arma a um gajo, sacar-lhe o dinheiro e sair de braço dado com uma gaja como se fossemos um casal de namorados cada um com uma pasta na mão? Tanto mais que tínhamos um táxi (gamado durante a madrugada) à nossa espera junto à porta da loja e cujo motorista fazia (à comissão) parte do negócio? Haveria coisa mais fácil…?
Ser guarda-nocturno no estaleiro das obras, por exemplo; mais ganha-se menos e estamos sujeitos a apanhar um enxerto de porrada dos gajos que andam no gamanço. Por isso é que embarquei numa destas. Só que houve uma chatice; aliás duas ou melhor três chatices que lixaram tudo de uma só vez.
Primeiros: o motorista do táxi em vez de esperar sentado dento da viatura resolveu ir beber umas ginjinhas enquanto esperava. E enquanto ia bebendo ginjinhas ficou à conversa com o “ginjeiro”.
Segundos: o táxi foi bloqueado com aquelas “merdas” metálicas amarelas por estar num local de estacionamento proibido.
Terceiros: a gaja quis pirar-se com o dinheiro todo e arrancou-me da mão a “minha” pasta começando a correr para o túnel do metro; tropeçou, largou as pastas que ao caírem se abriram espalhando a bagalhuça pelo passeio; os mirones atiraram-se “à fussanga” para agarrarem as massas e eu aproveitei para bazar.
Sei que a gaja foi se saco, o motorista baldou-se e quem teve que para o desbloqueamento e a multa foi o dono do táxi que apesar de tudo ficou contente porque o veículo foi rapidamente recuperado.
E aqui estou eu já com a sandes engolida mais o vinho tinto, o meu jantar de hoje.
Afinal o taberneiro estava “à coca” e não distraído com o jogo de sueca; vendo-me a tentar sair sem pagar a despesa deu-me uma cacetada na mona com o cabo de uma enxada e antes que eu acertasse com as ventas no lajedo repetiu a dose; das duas tacadas ficaram dois golpes a sangrar e não fora um dos gajos da sueca ter-se intrometido acho que não chegaria a fazer a digestão dos torresmos. Vasculharam-me os bolsos e no final do pouco dinheiro que tinha ainda sobraram 15 cêntimos; ou seja, levei duas bordoadas sem necessidade alguma.
Vou continuar a guardar durante a noite o estaleiro das obras e juro que nunca mais me vou meter em sarilhos, nem ligar a gajas de falinhas dengosas e traseiros convidativos.
Estive quase, quase, quase para fazer um post sobre as eleições e os políticos, mas pensei melhor e decidi que para escrever sobre palhaçadas eu basto-me! Claro que isto nada tem a ver com Palhaços, pois estes fazem-nos rir.
É verdade que usufrui de uns dias de preguiça mental (e também da outra) não passando por aqui e poucos foram os mails que li; agora é uma trabalhêra para por isto em dia.
E este sobre as nuances da língua portuguesa, foi um desses poucos:
se o Mário Mata, a Florbela Espanca, o Jaime Gama e o Jorge Palma, o que é que a Rosa Lobato Faria?
Além disso, será que se confirma que a Zita Seabra para o António Peres Metelo?
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