Ser velho é uma tristeza, é incómodo, é doloroso, em suma é uma chatice! É uma tristeza perceber as dificuldades das coisas simples como correr para chegar à paragem antes que o autocarro feche a porta e siga viagem, é incómodo pela morosidade em ultrapassar aquela meia dúzia de degraus que antes vencia de um salto, é doloroso em todos e em cada simples movimentos onde necessariamente as artroses participam; como disse ali acima, ser velho é uma chatice. Mas há mais chatices: ser velho também é (especialmente) triste porque vão morrendo os amigos e os familiares (que às vezes acumulam) deixando-me contra a sua e minha vontade, fazendo com que o meu mundo vá ficando menor. Ser velho é tudo isto mas não é só isto; ser velho é muito mais do que isto. Porém, e porque a alternativa não me é agradável nem desejável, vou manter-me neste registo enquanto para isso tiver engenho e arte (ondé que já li isto?)!
Hoje que é celebrado o DIA DA MULHER é igualmente (diria sobretudo para os amigos) o DIA DA TERESA a amiga que a nossa memória preserva apesar de fisicamente nos ter deixado contra a sua, também nossa, vontade. A cada dia, a cada ano que passa, falta-nos o teu sorriso fácil que logo se tranformava num riso desbragado e que só terminava depois da tua gargalhada soluçada que te fazia encolhares-te e, não poucas vezes, dobrada sobre tu mesma. Hoje é a data em que, por coincidência é celebrado o dia da Mulher, festejamos o teu nascimento e sublinho festejar propositadamente pois não poderia passar o dia sem te dar os PARABÉNS pelo teu aniversário
Motociclista morre em despiste na via rápida / Madeira
Chamava-se João e era meu amigo. Vivia entre a Madeira e aqui, na vizinhança do meu galinheiro, onde habitam os seus avós paternos. Era um grande amigo e não unicamente pelos seus mais de 1,80m; era um grande amigo somente por isso mesmo: um AMIGO grande. F***-se João, porque não rolaste mais devagar?, é o que tenho vontade de te perguntar; mas não precisas de responder porque eu sei a tua resposta: mais devagar?, qual era o gozo? Deixaste o meu mundo menor, ainda que a tua lembrança te mantenha presente.
Sinto que fui deixada, esquecida, talvez involuntariamente abandonada, talvez por não ter uma boa companhia, ou talvez só por isso, por ser um elemento isolado cujo valor se torna num desvalor. Quem me abandonou foi ingrato; ignorou-me, desvalorizando o conforto que sempre lhe proporcionei sem jamais reclamar pelo facto sistemático e descuidado com que me misturou e juntou despreocupadamente com elementos de outras origens, cores e consistências. Eu sou de algodão puro, sem fibras sintéticas adicionadas; eu sou da realeza das peúgas, confecionada com o melhor e mais macio algodão do Egipto. Nesta gaveta onde me misturaram com coloridos poliamidas sinto-me só, muito só!
...o homem à sua imagem e semelhança, é o que consta nos infindos escritos bíblicos mas também nas crenças relatadas oralmente de geração em geração. Ora considerando os muitos exemplos de gente como Trump, Putin (em françês: piutain), Hitler, e outros mais (e não são poucos), dá que pensar; ou não dá? Eu não sou de intrigas mas a verdade é que desconfio que Deus não é o ser misericordioso que apregoão. Estou errado? Talvez; já não seria a primeira vez. Pergunto-me como terá vivido a sua infância vivências essas que o influenciaram no seu desejo de tudo saber e tudo ouvir, e ser omnipresente e omnipotente. (verdade, verdadinha: isso d'ele estar em todo lado ao mesmo tempo, hummm... acho que é gabarolice).
Estava o telefone em repouso eis senão quando dá sinal de vida: TRINNNNN... Deixei-o trinar umas duas outrês vezes e atendi: alô?
Dizem-me que o meu número foi sorteado para um questionário (de nível nacional) sobre procedimentos bancários e que era rápido e tal...
Informei que não respondo a inquéritos telefónicos mas insiste:
-Mas que quiser telefonamos mais tarde, dizem-me.
-Hummm, tanta gentileza? Lembrei-me logo daquela frase: uquetuquereseieu! Foi o que lhe disse (acrescentando vários termos fálicos do vernáculo nacional) e desliguei sem esperar resposta. Há gente com ideias mas só lhes dá para a intrujice? Vão trabalhar malandros!
-Exactamente és uma sexta feira, e depois?, de entre todos os outros dias da semana o que é que interessa isso de seres sexta feira? Nem sequer és feriado, ora bem! -Pois, pois, mas eu bem sei que tu querias ser sexta feira e ficaste bem ff**chateada por seres quinta feira, um dia sem qualquer interesse e que só tem alguma relevância no dia da espiga e na ante antevéspera da Páscoa enquanto que eu sou a sexta feirasanta. -É lá, nada de misturas; e não me metam ao barulho nessas vossas desinteressantes quesílias semanais que eu sendo Domingo estou completamente à parte desses vulgares dias de feira. -Também eu que me prezo de ser um Sábado com esse grande, não quero misturas com esses dias ditos úteis cujas utilidades nunca entendi muito bem por habitualmente ouvir aquele desejo: nunca mais é sábado! -Vocês falam das vossas relevâncias mas esquecem-se que se não fôssemos nós, os outros "feira" que dias seriam vocês?, hum? Eu, segunda feira, sei que não sou muito popular mas isso pouco me afecta porque compreendo e aceito bem todas e todo o tipo de ressacas que os fins de semana acarretam. E sempre proporciono algúm alívio aqui à minha vizinha terça feira cuja paciência para aturar madurezas e estados de alma é completamente inesistente. -É verdade vizinha, tantos queixumes que uns simples e desinteressantes dias de semana se propôem discutir querendo garantir a sua relativa importância sabendo que o seu máximo destaque é a eventualidade de "calharem" a ser feriado. E a vizinha bem sabe que o carnaval a mim ninguém me tira.-Já eu, uma singela e desinteressante quarta feira, sei bem que o meio da semana não é própriamente a mais nem a melhor localização de um dia de feira; mas isso pouco importa até porque nada posso fazer para alterar a situaçõn e além disso sinto-me muito bem neste meu incontestado dia. Há todavia algo que nenhum outro dia me pode tirar, nem substítuir, nem usurpar: sou o único dia de qualquer semana que pode ser a Quarta Feira de cinzas! E já agora, seus emproados e calhordas Sábados e Domingos, vocês são os dias em que há mais o que mais desprezam: as Feiras.
... fazem e dizem barbaridades sem se importarem minimamente pelas consequências dos seus actos cientes de que nada os afectará).
Há quem afirme que a história não se repete e também há quem diga que sim, que nada é novo mas unicamente uma constante repetição de factos, de atitudes e de personalidades.
Valha a verdade pouco sei destas teorias e por isso a minha opinião é irrelevante. Todavia no que é possível ver de um antes e de um agora é impossível não detectar algumas semelhanças, quer nas posturas, quer nas atitudes, quer nos discursos "inflamados" para multidões pre-dispostas a apoiar tudo o que lhes dizem, uns sem ouvirem/perceberem o que lhes é dito, outros por "ouvirem exactamente" no que querem acreditar. Assistindo a videos de discursos de Mussolini e comparando-os com as intervenções de Trump, as semelhanças de discursos e de atitudes não podiam mostrar maior semelhança. Mussolini "juntou-se" a Hitler e confortado com esta aliança invadiu a Abissínia. Só falta mesmo Trump invadir o que lhe der na "bolha" aliando-se a quem achar que mais "lucros" lhe possa proporcionar. (e tem vários à escolha).
Se eu acreditasse em Deus diria: VALHA-NOS DEUS(na esperança que ELE seja verdadeiramente melhor que estes 2).
Um peido encontrou outro num dos refegos do delgado intestino onde habitam à condição. Caminham lado a lado, sem pressas, quando por eles passa numa correria aflitiva, uma bufa amarela que, falhando por pouco o apêndice, segue desenfreada na direcção da saída. Azar! O trânsito é muito e está congestionado. A bufa aflita, bufa de aflição e tenta a passagem por entre o espesso aglomerado acastanhado que tem pela frente, mas sem sucesso. Lá mais à frente ouve-se um: não empurrem! Entretanto chegam os dois peidos e diz um: está tudo emtupido. E diz o outro: mas que grande merda! E diz a bufa: e eu aqui aflita para sair. As paredes tremulam originando deslocação para a saída de toda aquela trampa, num movimento inicialmente lento mas ganhando velocidade a cada tremura. A bufa desandou com tal rapidez que nunca mais foi vista e os dois peidos aproveitaram uma nesga para ganharem a liberdade.
Hoje acordei cedo quando já era tarde. Acordei com vontade de dormir e sem vontade de acordar para o novo dia de luta, o novo dia de aturar quem tinha que aturar. Acordei desejando que já fosse noite para justificar-me o desejo de voltar a adormecer. Mas o facto é que acordei e não há volta a dar; levanto-me, vou “ali” aliviar-me e lavar-me, “assimilo” a vestuária e junto-me à amálgama de uns tantos outros que, como eu, vão caminhando a favor da corrente que nos leva para o destino pré-determinado, o mesmo que nos obriga a acordar mas que outras tantas vezes queremos não o fazer: nem acordar, nem ir a favor da corrente. Esta noite sonhei (sonho muitas vezes, até de noite quando estou dormindo), que era um faisão, adornado de lindíssimas penas coloridas que se prolongavam numa cauda longa e vistosa, que esvoaçava feliz da vida por sobre uma floresta de coníferas. No céu azul o sol brilhava realçando as infinitas cores da natureza e de repente um som aterrador:
PUM!Uma chumbada acertou-me exactamente na peitaça e que me fez acordar aos gritos:
ASSASSINO, ASSASSINO…
assustando a gata que correu disparada para fora do quarto, e o cão que debaixo da cama ladrou, ladrou exaustivamente até quase manhã.