UM CERTO ESTAR!
Isto hoje não está lá grande coisa para escritas. Estou eu aqui a espremer o cinzentinho (ª) que já está meio aguado, e nada. Até nem sei se é do frio, que como se sabe mirra as coisas, encolhe-as, fá-las ficarem menores, nada se me ocorre.
Eu sei que não tenho contrato para escrever todos os dias (até porque é mais à noite), e que não sabendo o que escrever o melhor é não fazê-lo. Pois! Mas a coisa “está-me na massa do saingue” e tenho que escrever! E escrevo sendo que a maior parte das vezes nada que se aproveite; e noutras vezes mais valia estar quieto.
Mas um carneiro de signo (eu) que não seja teimoso (eu) é coisa que não existe e por isso…
E por isso (mas nem só por isso) hoje transcrevo: de ANTONIO ALEIXO
A ARTE
Vejo a arte definida
Na forma de escrever
O bem ou o mal que a vida
No faz gozar ou sofrer.
Um poeta de verdade,
Se se souber compreender,
Não deve de ter vaidade
De o ser, porque o é sem qu’rer.
Ser artista é ser alguém!
Que bonito é ser artista…
Ver as coisas mais além
Do que alcança a nossa vista!
A arte é força imanente,
Não se ensina, não se aprende,
Não se compra, não se vende,
Nasce e morre com a gente.
A arte é dom de quem cria;
Portanto não é artista
Aquele que só copia
As coisas que tem à vista.
A arte em nós se revela
Sempre de forma diferente:
Cai no papel ou na tela
Conforme o artista sente.
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(ª) o termo não é de afecto; é de quantidade!