O QUE EU VI - 2
Hoje(*) fui às compras que é como quem diz fui ajudar a carregar com os sacos das ditas
pois como já o disse por variadas vezes: não gosto nada mas mesmo nada de "andar às compras".
Antes porém fui a uma caixa do multibanco e é aqui que acontece o motivo deste meu post (continuo a não gostar deste termo): uma senhora baixinha e vestida de preto -viúva à cerca de dois anos, segundo me disse- entregou-me um cartão da CGD pedindo-me o favor de lhe ver o saldo da conta, ao mesmo tempo que se desculpava pelo incómodo. Sem incómodo lá fiz o que me pediu e confirmei-lhe que o saldo era de 3,75€. Agradeceu-me e recebendo de volta o cartão disse-me:
-Hoje ainda posso comprar o pão.
Por momentos fiquei sem saber o que dizer. Depois e antes que ela se afastasse disse-lhe que lhe compraria o pão e algo mais que ela precisasse. Agradeceu-me mas não aceitou.
-Porque amanhã já "vem" a reforma e depois...
Senti-lhe a vergonha e por respeito não insisti.
Devia tê-lo feito? Admito que seria a atitude mais correcta.
Mas não o fiz porque a dignidade de cada um não deve ser violada.
Encontrei-a mais tarde à saída do minimercado (o dos preços mínimos que ainda aceita pagamentos de valores mínimos com cartão porque os ATM's só "dão" notas) com um saco de papel na mão, daqueles com 4 pãezinhos.
Sorri-lhe mas ela desviou o olhar numa púdica atitude de embaraço porque eu sabia!
Recordo-me da ideia expressa pelo deputado do PSD:
-as pessoas estão piores mas o país está melhor!
Deduzo que para ele (para eles) o país não é formado por pessoas, somente por montes, vales, rios e planícies. E auto-estradas, evidentemente!
(*) não é ficção; aconteceu esta semana, na manhã do dia 9.